EDUARDO CAMPOS, O COLLOR DE 2014 ?

Eduardo Campos, Collor de 2014, pode ajudar “socialismo” tucano

Eduardo Campos embola o jogo eleitoral de 2014. Novinho. Bem apessoado.
Moderno tanto quanto Fernando Collor era moderno em 1989. Nada que um Globo Repórter não seja capaz de produzir. Socialista, ou seja, supostamente comprometido com os projetos sociais.
Serra tentou ser Lula contra Dilma, em 2010, até o Bolsa Família abraçou. Eduardo Campos se encaixa melhor no papel.

Para Dilma ser socialista, hoje em dia, tem de peitar os bancos e reduzir as contas de luz.

Para Eduardo é só construir uma cisterna, provavelmente através de uma das empreiteiras amigas.

Além disso, se Getúlio Vargas um dia representou a expansão do capital acumulado no Rio Grande do Sul, Campos pode fazer o mesmo com o capital acumulado no Nordeste, especialmente se aliado à grana de São Paulo.

O capital dos grandes exportadores de frutas de Petrolina, das grandes empresas que se expandem em Suape, da Fiat que vai se instalar em Goiana, do capital reciclado de São Paulo que foi buscar oportunidades de negócios no Nordeste.

Este capital é esperto e sabe que pode contar com o Eduardo para limitar os direitos sociais dos trabalhadores locais de uma forma que não se consegue mais fazer em São Paulo.

O governador de Pernambuco amarrou uma super-aliança local que garante a ele poucas dores de cabeça, inclusive com os líderes dos trabalhadores que pretende entregar para espoliação do capital local.

É o homem das empreiteiras e dos projetos imobiliários como o Novo Recife.

Notem que Eduardo Campos não se apresentou como o candidato dos pobres, na tradição do avô Miguel, mas dos empresários aos quais disse que "dá para fazer melhor".
[Perguntinha básica: melhor para quem?]

Marina Silva não terá menos votos que em 2010. Vai ficar por ali, 20%. É o cansaço com a imobilidade política.

Campos, aliado a Serra ou Aécio, pode carrear os votos que levem ao segundo turno.

Então, o jogo é outro.

Dilma ainda é franca favorita.
Mas sofre com o imobilismo das alianças das quais é refém: de Renan a Sarney, de Kassab ao centrão do PMDB, não pode projetar o dinamismo necessário e as mudanças que, a esta altura, apenas os campos minoritários do PT estão dispostos a fazer.

O ministro Paulo Bernardo montar o palanque da Gleisi Hoffmann no Paraná — com ajuda das empresas de telefonia — é hoje muito mais importante para o governo que enquadrar os péssimos serviços das prestadoras de serviços. O PT é o establishment e depois de dez anos de governo abdicou da política com o “tecnificismo” dilmista e já não pode atribuir aos outros seus próprios erros de administração.

Em resumo, não poderá mais fazer campanha em 2014 se dizendo de oposição ao FHC de 2002. Não cola mais.

As alianças urdidas por José Dirceu que levaram o partido ao poder em 2002 podem custar, pelo peso morto e atrasado que representam hoje, o poder ao partido em 2014.

Lula acredita no marketing de João Santana e Dilma tem imensa simpatia da população em geral. Gostam dela, da figura dela, mal percebem que a endireitada que deu a tornou muita mais parecida com FHC do que com o próprio Lula.

Campos, por sua vez, tem a vantagem de falar diretamente a outros oligarcas regionais sobre a importância de fortalecer diretamente a presença do Nordeste no poder, sem intermediários. Pode ajudar imensamente a direita a reconquistar o poder, mas com novo sabor, agora “socialista”.

Fonte: Luiz Carlos Azenha

 

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