Sem provocações, Dilma e Campos adiam batalha
Sem cutucar a gestão do pernambucano Eduardo Campos, nem enaltecer os investimentos do governo federal no estado, presidente visitou hoje as obras da Refinaria Abreu e Lima (PE), agradeceu aos trabalhadores e até assinou camisas; "Estamos dando mais um passo para que o nosso país seja um grande produtor e um grande transformador de petróleo", disse; agenda de Dilma Rousseff em Pernambuco, é teste de nervos para os dois presidenciáveis, que têm hoje o primeiro encontro desde que o PSB deixou a base aliada do governo federal; apesar de evitar provocações, a presidente não deu espaço para que Campos participasse dos discursos.
Não houve ataques ao governo pernambucano nem destaques para os investimentos da esfera federal no estado no primeiro discurso da presidente Dilma Rousseff no território do adversário Eduardo Campos, candidato a presidente em 2014, nesta terça-feira 17. Em suas últimas visitas a Pernambuco, a presidente fazia questão de ressaltar que, sem as verbas de sua gestão, o estado não teria crescido tanto como aconteceu nos últimos anos.
"Que vocês que contribuíram para a construção dessa grande refinaria vão contribuir para construção de outros projetos", disse ainda a presidente, sempre agradecendo aos operários, para quem chegou a prometer "dar abraços e assinar camisas". Eduardo Campos também acompanhou a solenidade de comissionamento da unidade no Complexo de Suape. No entanto, enquanto Dilma falava, o socialista manteve-se distante e não participou dos discursos. Tão logo chegou no local do evento, Dilma fez um discurso rápido, de quase cinco minutos, voltado para os operários. Em seguida, ela passou o microfone para a presidente da Petrobras, Graça Foster. Momentos depois, foi a vez do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. Campos não foi chamado para participar dos discursos.
A refinaria é considerada a segunda maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem investimento total previsto de R$ 35,7 bilhões. Quando estiver em funcionamento, terá capacidade de processar 230 mil barris por dia de petróleo pesado, produzindo derivados para comercialização. A taxa de conversão de óleo cru em diesel será de aproximadamente 70%, o que fará da refinaria a maior unidade operacional da Petrobras nessa atividade.
Teste de nervos
O teste da cordialidade entre a presidente Dilma e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, acontece hoje. Os dois têm o primeiro encontro desde o anúncio da saída do PSB de Campos da base aliada de Dilma.
Os dois não podem brigar, uma vez que são governantes e, conforme defende a própria presidente em seus discursos, os partidos e os conflitos partidários não devem interferir na governabilidade do País. Mas Campos garante que a relação com sua adversária nas eleições de 2014, quando os dois devem se candidatar ao Planalto, é "cordial e institucional", apesar de estar fria e distante depois do anúncio sobre seu projeto nacional.
A presidente deverá anunciar cerca de R$ 2 bilhões em investimentos do governo federal em obras selecionadas pelo Pacto da Mobilidade Urbana na capital, Recife. Pela manhã, ela visitou as obras da Refinaria Abreu e Lima e às 11h, participa de cerimônia de conclusão das obras da P-62 no Estaleiro Atlântico Sul, no município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife.
Nos últimos meses, tanto Campos como Dilma reivindicam a paternidade de grandes obras e projetos implantados ou em implantação em todo o estado. Enquanto o governo federal diz que sem suas ações o desenvolvimento econômico pernambucano não seria tão grande, Campos alega que a disponibilidade do governo do estado em atender as demandas necessárias aos empreendimentos, bem como a qualidade dos projetos de financiamento e de infraestrutura foram fatores determinantes para assegurar os investimentos.
O clima do encontro de hoje servirá de termômetro no que diz respeito às relações entre os gestores.
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